VAIDADE DE VAIDADES... TUDO É VAIDADE

Na tradição judaico cristã o Orgulho é atribuído a Lucifer, o mais belo dos arcanjos que impôs o EU em detrimento de NÓS. O arcanjo portador da luz, ao se olhar, achou-se bonito, superior aos outros, a parte, quebrando o ritmo da criação baseado no NÓS. Lucifer caiu e levou consigo 1/3 de vaidosos que consideraram viver melhor com o Sr do Inferno do que serem igualitários no Céu.

"Espelho, espelho meu. Existe alguém mais bela do que eu?" Essa não é mais uma fala dos contos de fadas. É a realidade do nosso mundo.
A vaidade é universal, ninguém escapa. Está em nossa essência, nos contextos sociais. 
A Auto Ajuda, uma área de grande sucesso, disseminou que o Orgulho de Si é auto estima e que a Humildade é falta de auto estima, um defeito que deve ser superado para se ter uma vida de sucesso. Toda vez que leio frases clichês desse movimento, lembro do Pavão, ave dos gêneros Pago e Afropavo da família dos faisões que possuem caldas extravagantes, coloridas, chegando a ter dois metros de comprimento e são abertas como um leque, esbanjando beleza e altivez. Pois é, somos todos pavão, inseridos em uma sociedade que nos estimula a abrir esse leque. No entanto, percebi que apesar das pessoas se amarem em excesso, serem altivaz, "zero defeitos", "fada sensata", o vazio continua a assombrar e cada vez que o vazio surge, mais mostramos nossas caldas vaidosas de pavão.

Disse Santo Agostinho que o Orgulho é a fonte de todas as fraquezas porque é a fonte de todos os vícios.
A Vaidade nos faz ter uma vida vivida para os outros. Uma enorme necessidade de mostrar status, poder, satisfação, conquistas, criando um mundo de ilusões. Isso se deve também a um dos grandes problemas do ser: A Comparação.
Calderón de Lá Barca escreveu: "Se pudéssemos escolher, ninguém optaria por sofrer e padecer. Todos desejariam mandar e reger. Mas, as pessoas não se dão conta que mandar e reger é Representar, enquanto sofrer e padecer é Viver" ( algumas alterações).

Vanitas, um tipo de arte simbólica que retrata quadros em sua maioria contendo uma caveira, nos trás uma reflexão extremamente profunda. O objetivo é pensar sobre a morte e não esquecermos que ela vem para todos, que a vida é breve e passageira.
Isso parece pessimista, mas, assim como nos mitos gregos que pregavam o equilíbrio das coisas, considero que a hybris que significa desequilíbrio (confiança excessiva, presunção, arrogância e orgulho exagerado) terminam sendo punidos pela vida.

A vaidade afasta a humildade, a doçura de ser aprendiz, a beleza das descobertas e o momento mori, a lembrança da morte, que nos estimula a viver com intensidade cada minuto de nossas vidas buscando o paraíso perdido.

Há uma frase africana que considero uma chave importante para essa hybris: "Aquele que quer ser Rei precisa primeiro aprender a servir".

Gyula Benczúr, Narciso (1881)

Comentários

Postagens mais visitadas