Escrevendo Cartas!




Em plena era da internet que padronizou uma linguagem sintética e breve, me encontro trocando cartas com minha amiga Bárbara. Isso me fez pensar o quão importante e singelo é este ato. Na ultima correspondência que recebi, minha amiga escreveu:

“Escrever cartas é praticar arte, acho que é por isso que gosto tanto!”

Quando li esta frase, meus pensamentos estouraram como pipocas, já dizia Rubem Alves. É tão gostoso chegar em casa e ver uma carta a sua espera com palavras de carinho, alerta, desabafos, segredos, inquietações da alma. Ver as características da escrita em seus cuidados, manias e particularidades. É interessante, mais que isso, é gratificante saber que aquela pessoa parou o que estava fazendo, dedicou um momento pra você e ainda partilhou um pouco da sua jornada.

Escrever cartas é entrar em contato com o nosso interior que muitas vezes é abafado pela correria do cotidiano. É um ato que gera importante espaço para refletir um pouco como realmente estão às coisas. Se aderíssemos com mais freqüência o ato de escrever, talvez nos tornássemos mais sensíveis.

Escrever cartas é uma pratica milenar que une pessoas, fortalece os vínculos, possibilita um conhecimento de si ao relatar o cotidiano e de como o tempo está passando. É um ato dedicado e íntimo com a pessoa que se troca correspondência. Nem sempre é fácil pegar uma caneta e enfrentar uma folha em branco. Por alguns minutos ou horas, isso pode tornar-se uma batalha talvez por soar como uma oportunidade de reescrever a própria história. O domínio com a língua portuguesa não importa muito nesta hora. O importante é dar lugar a divagações que não ocorrem ao redigir mensagens nos telefones celulares que reduz a nossa capacidade discursiva, a imaginação, a criatividade e obviamente a escrita que somente os amantes da caneta e papel possuem.

Grandes teorias foram consolidadas através de cartas, como por exemplo, as correspondências de Freud e Fliess e a construção da Psicanálise. Tais cartas sobreviveram ao tempo e tornaram-se legados científicos.

Pra mim, a cena de alguém sentado numa escrivaninha junto à janela, refletindo sobre o tempo e talvez olhando um céu estrelado, parece inspirador. Penso nos diversos motivos que a frase “o que me leva a escrever...” traz nas linhas de uma carta. Pedidos, anúncios, discussão de problemas familiares, mensagens de carinho e amor, relatos de um filme, enfim. Não importa o assunto! Não quero perder esse hábito mágico que se perdeu com o tempo para muitas pessoas.




Comentários

  1. Nossa nega...belo post!! Vc disse de forma simples e clara o que eu penso tbm.

    Cartas...não devem , jamais, serem postas de lado , de uma maneira geral. A escrita no papel é diferente e sempre sentimos isso, fora todo o cuidado com a carta, o cheiro da mão da pessoa, a caligrafia de acordo com a pressa/ calma, etc. Uma parte da pessoa vai no envelope de forma quente (e não fria, formatada como nos e-mails) e personalizada.
    Escrever uma carta é tornar o outro individual e próximo.


    Adorei..espero a sua resposta via carta (se puder). :D

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas