O Poder da Introversão


"Alguém que peregrina por terras extrovertidas em busca de um lugar onde haja espaço e liberdade para ser diferente sem sofrer sansões sociais.(Walter Sasso - Autor do livro Romance "A Rua do amor roubado)"


Uma em cada três pessoas no mundo, podem ser introvertidas. A História nos aponta grandes líderes e pensadores que eram quietos, tinham voz suave e tímida. Gandhi, Rosa Parks e Abraham Lincoln eram admirados por suas modéstias despretensiosas, tornando-se referências, quebrando paradigmas não porque gostavam de mandar, ou porque queriam ser admirados. Apenas fizeram o que tinham que fazer, demonstrando que a introversão é um poder especial. 

Quando criança, lembro-me de diversas situações em que esperava o momento de me isolar e viajar em meus sonhos. Muitos me perguntavam: por que está tão quieta? Comecei então a perceber que meu jeito despertava preocupação nas pessoas e me esforçava para ser diferente. Captava mensagens de que deveria ser o oposto do que sou. Esforcei-me o máximo que pude. Muitas vezes estava em meio a multidões querendo estar apenas em um lugar calmo e agradável com poucos amigos, ou em casa vendo um belo drama.

Introversão está relacionada com a maneira que uma pessoa reage a certos estímulos. Os extrovertidos necessitam de ambientes mais dinâmicos, enquanto os mais quietos sentem-se mais vivos, ativos e capazes em ambientes silenciosos e calmos. Não precisamos de muita coisa para desfrutar de certos prazeres da vida. 

O mundo valoriza a pessoa de ação ao invés da pessoa contemplativa. Historiadores nos mostram que a sociedades antigas, valorizavam o interior e a retidão do ser humano. Hoje vivemos a cultura da personalidade, onde domina a extroversão. 

Muitos acreditam que o ideal é ser extrovertido, desconsiderando a poder que a introversão pode trazer as certas dinâmicas sociais. Quando se trata de criatividade e liderança, os mais quietos podem mostrar resultados surpreendentes pois, gerenciam pessoas dando-lhes a liberdade para seguirem suas próprias ideias, além de serem muito detalhistas. 

As habilidades sociais são importantes, assim como o trabalho em grupo. Entretanto, muitas vezes pensar sozinho é um ingrediente crucial para a criação, inovação e desenvolvimento. Podemos encontrar ótimas pessoas que desenvolvem grandes ideias e que possuem fortes traços de introversão. Darwin costumava fazer longos passeios sozinho no meio do mato, Clarice Lispector desabafa que sua força estava na solidão, assim como tantos outros pensadores que mudaram o rumo do mundo no silêncio de suas escrivaninhas. É o poder transcendente da solidão. 

Querer isolar-se no cume da montanha em estado contemplativo não é errado. Esse pode ser um caminho de revelações, amor e confiança. É preciso também saber conviver em grupo e mostrar o que temos de mais precioso quando estamos no silêncio da nossa própria companhia. Jung nos aponta com maestria o grande desafio de equilibrar-nos entre introversão e extroversão, em uma sucessão harmônica, formando o ritmo da vida. Alcançar esse equilíbrio supõe a suprema arte de viver. 

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